É possível falar inglês fluente sem nenhum sotaque?



Heys guys! Será que é possível falar inglês fluente sem nenhum sotaque? Essa é aquela pergunta que não quer calar, né?
Ao longo da minha trajetória de 15 anos como professora de inglês – To ficando véia! – recebi essa mesma pergunta um milhão de vezes!

Muitos falantes nativos do português sonham em falar o inglês perfeito e querem soar como nativos da língua inglesa. Vou listar alguns fatos e expressar a minha opinião de acordo com cada item.


1) Os brasileiros aprendem as vogais antes das consoantes. De acordo com a Carmen Matzenauer da Universidade Católica de Pelotas e Teresa Costa da Universidade de Lisboa, no capítulo 3 “Aquisição da fonologia em língua materna” em “A aquisição de língua materna e não materna: Questões gerais e dados do Português”, antes mesmo da criança brasileira completar 2 anos, as vogais do português já foram adquiridas. O mesmo nem sempre acontece com as consoantes.

“Os estudos sobre aquisição fonológica em crianças brasileiras evidenciam que o sistema vocálico é integralizado mais prococemente do que o sistema consonântico: antes de a criança completar a idade de 2 anos, já as vogais da língua fazem parte da sua gramática. Essa aquisição apresenta etapas, que se diferenciam sobretudo em função de dois condicionamentos: o acento da sílaba e a altura da vogal.”

Isso me leva a pensar que as vogais têm muita relevância dentro da língua portuguesa. Já reparou que no português quase sempre as sílabas são formadas por vogal + consoante ou consoante + vogal ou consoante + vogal + consoante? 

2) Não há vogais mudas no português. Ou temos? Juro que não consigo me lembrar de nenhuma palavra com vogal muda. Se você souber, deixe-a aí nos comentários, por gentileza. E quando temos palavras com a consoante muda, o que fazemos? Inserimos uma vogal de apoio. Exemplos: a) corrupção (falamos “corrupição”) b) psicólogo (falamos “pisicólogo”).

A minha conclusão é que as nossas vogais a-e-i-o-u, como as conhecemos, são muito fortes em nossa língua. Quando começamos a aprender o inglês, nos deparamos com as mesmas vogais a-e-i-o-u, porém há muitas formas de pronunciá-las. E às vezes elas são mudas, ou seja, aparecem na escrita, mas não são pronunciadas.

Compare:

No português, temos: a – e – i – o – u (7 sons porque o “e” pode ser “ê” ou “‘é” e o “o” pode ser “ô” ou “ó”).

No inglês, temos: a – e – i – o – u (15 sons porque há vogais curtas, vogais longas, o tal do schwa, o “u” frouxo, o “i” frouxo etc).

Como dominar todos esses sons se só ouvimos falar da existência deles na adolescência, ou até mesmo na fase adulta? Aliás, todo dia eu recebo muitos alunos no meu curso online que dizem que já estavam estudando inglês há anos e nunca tinham ouvido falar nisso.
Solução: estudar fonética e fonologia.

Eu, como professora, sempre acreditei que estudar os sons ajudam a identificá-los. Mesmo assim, talvez você nunca soe como um nativo do inglês. Mas por que isso te incomoda tanto? Eu acho que o melhor a se fazer é melhorar a pronúncia, reduzir um pouco o sotaque brasileiro e falar um inglês bem estruturado e com fluidez. Mas, sério, esqueça essa obsessão de querer soar como um nativo. Isso provavelmente nunca irá acontecer. Atenção: eu não estou dizendo que isso é impossível. Nada é impossível. Eu só estou dizendo que é improvável. Talvez seja melhor focar os esforços em melhorar a pronúncia para ser entendido e não melhorar a pronúncia para soar como um nativo.

Algumas vídeo-aulas que podem ajudar:







3) Os brasileiros não aprendem inglês como segunda língua antes dos 4 anos de idade.


De acordo com Ana Madeira do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, o contato tardio com o inglês interfere muito na forma como a língua é absorvida.


“Enquanto o processo de aquisição da L1 começa nos primeiros meses de vida, a L2 é adquirida mais tarde. A primeira exposição à língua, para que se considere um caso de aquisição de uma L2, nunca ocorre antes dos 4 anos de idade (Schwartz 2004) e, frequentemente, ocorre apenas na adolescência ou mesmo em idade adulta, fora do chamado período crítico para a aquisição da linguagem (Lenneberg 1967).”

O processo deixa de ser natural, diferentemente de uma criança que até os 4 anos de idade pode aprender qualquer língua e realmente soar como nativa.
Como já falei, foque em melhorar a pronúncia e não em querer ser confundido com um nativo. Grandes expectativas só trazem grandes frustrações.

4) Muitos fatores influenciam na forma como você aprende uma segunda língua ou língua estrangeira. Segunda língua = Língua aprendida numa imersão; Língua estrangeira = Língua aprendida do seu país de origem, sem imersão. 

“O processo de aquisição da L2 é influenciado por fatores ou diferenças individuais” 
(Dömyei & Skehan 2003)

São tantos fatores que, na minha opinião, não há de existir uma fórmula mágica ou uma receita de bolo. Nem todos têm a tal da inteligência linguística, mas isso não significa que não podem aprender outras línguas. Isso só significa que o trabalho será mais árduo, talvez mais longo. Uma coisa é certa: o aluno precisa ter um comportamento mais ativo ao longo do processo. Além disso, nem todos têm uma personalidade comunicativa, portanto, é preciso se esforçar mais para colocar o inglês para fora. Fora que nem todos conseguem se manter constantemente motivados para se dedicarem por muito tempo à algo que não gera resultados muito visíveis a curto prazo. Por isso, é preciso ter por perto educadores que sejam facilitadores e grandes estimuladores à busca do conhecimento. Gostou desse artigo? Espero ter te ajudado! 
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